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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Reggae no Brasil

                                                O Reggae no Brasil

O reggae está presente no Brasil há muito tempo, mas se desenvolveu de forma diferenciada em cada região, situação que se reflete hoje na forma como ele é compreendido e aceito no país. Um estudo histórico rigoroso sobre como o ritmo jamaicano chegou a nossas praias e praticamente se incorporou à cultura brasileira ainda está para ser feito, mas podemos traçar alguns caminhos para entender como chegamos até aqui.
Talvez o nosso primeiro contato com o reggae tenha sido a apresentação de Jimmy Cliff em um dos Festivais Internacionais da Canção, que aconteceram no fim dos anos 60. Logo depois Caetano Veloso cantaria que desceu a Portobello Road, em Londres, ao som do reggae, o que foi estabelecido como a primeira menção à palavra "reggae" na música brasileira (e não o primeiro reggae composto aqui, como alguns chegam a escrever). Vale dizer que nesta época tal nome só era conhecido entre os jamaicanos e seus descendentes que moravam em Londres e outras cidades inglesas (e no Canadá, Estados Unidos etc). Experiências com o ritmo foram tentadas por Jards Macalé, Luís Melodia e outros, mas foi Gilberto Gil quem levou tal influência mais a sério, vendendo mais de 500 mil cópias do compacto de "Não chores mais", a versão de "No woman no Cry", de Bob Marley.
Enquanto isso no Pará, Maranhão e na Bahia, o reggae também começava a conquistar corações e mentes da população, o que pode ser explicado pela semelhança dos ritmos locais com o da ilha caribenha, que afinal vieram da mesma raiz, a mãe Africa. Apresentado ao ritmo por um vendedor de discos paraense, o dono de radiola Riba Macedo começou a tocar o reggae entre os forrós e merengues que tocava em São Luís. Logo o som caiu nas graças dos maranhenses. No Rio, São Paulo e Belo Horizonte, alguns bailes reggae têm lugar na periferia. Júlio Barroso (aliás o disco que Riba Macedo levou primeiro para o Maranhão foi o "Reggae Frontline", que teve as notas escritas por este jornalista e vocalista da banda Gang 90,falecido em 84), no Rio e Otávio Rodrigues, em SP, começam a divulgar o ritmo no sulmaravilha. Os primeiros discos foram lançados por aqui. Chico Evangelista canta o "Reggae da Independência" e Raimundo Sodré fica famoso com o reggae "A Massa", cantado num festivaL no início dos anos 80. Bob Marley vem ao país e promete voltar com o Inner Circle para uma turnê em toda a América Latina. Peter Tosh se apresenta com grande sucesso no Festival de Jazz de São Paulo. O reggae parece que vai decolar de vez em nossas terras. Mas a tragédia acontece: Marley morre de câncer aos 36 anos, em 11 de maio de 1981. Para muitos é a morte do reggae.
Nem a vitoriosa turnê de Gil com Jimmy Cliff pelo país consegue convencer as gravadoras e os meios de comunicação do contrário. Sobre a turnê, uma revista de (des)informação publica um artigo dizendo algo como "agora que o reggae morreu ele chega ao Brasil". Os discos pararam de chegar como antes. Sorte dos donos de radiola no Maranhão, que começam a ganhar dinheiro trazendo discos de reggae de fora para tocar nos bailes, cada vez mais populares. É a cultura da "exclusividade" que até hoje vigora por lá.
Marginalizado, o reggae se recolheu ao underground, mas não ficou parado. As primeiras bandas e fã-clubes brasileiros começam a surgir. Marco Antônio Cardoso funda o Fã-Clube Bob Marley de São Paulo e Mariano Ramalho o do Rio. Em Belo Horizonte Mauro França inicia o Fã-clube Massive Reggae. Em Recife aparece o Grupo Karetas. Edson Gomes na Bahia, Luís Vagner, Jualê e os Walking Lions em São Paulo começam a sua trajetória. Muitos outros grupos aparecem a partir da segunda metade dos anos 80, em grande parte por causa do estouro dos Paralamas do Sucesso, que sempre tiveram uma grande influência do reggae em sua música (o baixista Bi Ribeiro tem uma das maiores coleções de discos de reggae do país). No Maranhão, surge a Tribo de Jah. Os programas de rádio também tiveram grande influência na divulgação do reggae. Vale citar o "Batmacumba", do Nelson Meirelles e os programas de Maurício Valladares, no Rio, "Reggae Raiz", dos sólidos Jai Mahal e China Kane (até hoje no ar, na Brasil 2000), "Disco Reggae", de Otávio Rodrigues, de São Paulo, "Reggae Special", de Ray Company (também no ar até hoje, na Ouro Negro FM) em Salvador e muitos outros (como as dezenas de programas que existem há anos em São Luís, produzidos por radialistas como Fauzi Beydoun - líder da Tribo de Jah, Carlos Nina, Ademar Danilo, entre outros).
Nos anos 90 os shows internacionais voltaram a acontecer no país, graças aos esforços de batalhadores como Geraldo Carvalho, de Curitiba, e outros que mostraram que o reggae ao vivo tem mercado no Brasil. Bandas como Cidade Negra e Skank levaram o ritmo a um novo público, fazendo sucesso em todo o país e iniciando carreira internacional. Tribo de Jah e Edson Gomes também levam um grande público a suas apresentações. O número de bandas se multiplicou e citar todas seria impossível, o mesmo acontecendo com as pessoas que batalharam e batalham pela divulgação do reggae (como Gilberto Gil, que sempre toca versões de Marley em seus shows). Apesar da má-vontade das gravadoras e dos programadores de rádio, o ritmo de Jah possui um público cativo no Brasil que só tende a crescer, passando ao largo dos modismos que marcaram o mercado musical brasileiro nos últimos anos. Presente na maior parte do Brasil real e no virtual o reggae ainda vai dar muito o que ouvir, ver, ler, cantar e falar.

Quem era Bob Marley?

                                          A História

 O jamaicano é considerado um Deus para todos aqueles que gostam de reggae, já que foi ele que tirou o ritmo da Jamaica e levou para o mundo. Filho de uma jovem jamaicana com um inglês de meia idade, Bob se interessou por música quando em 1950, foi morar em uma favela de Kingston, capital da Jamaica.Suas principais influências no começo da carreira foram Ray Charles e Curtis Mayfield, que conheceu junto com seu amigo Bunny. Com ajuda de um cantor chamado Joe Higgs, os dois acabaram conhecendo Peter McIntosh. Pouco tempo depois, os três vieram formar o grupo “Wailling Wailers”.Em 1962, o empresário Leslie Kong conheceu Marley e gravou algumas músicas com ele. Ao mesmo passo que “Wailing Wailers" chamou a atenção do rastafári Alvin Patterson que, os apresentaram para o produtor Clement Dodd. No ano seguinte foi lançado o primeiro single do grupo.Bob se casou e viajou para os Estados Unidos, onde sua mãe passou a morar. Na volta, a banda mudou de nome, passando a se chamar apenas “The Wailers”. Com ajuda do cantor americano Johnny Nash, o grupo gravou em 1971 o primeiro álbum que levou o nome de “Catch A Fire”.Em 1972 o grupo realizou uma turnê na Inglaterra e nos Estados Unidos. No mesmo ano foi lançado o álbum “Burnin”, que continham sucessos como "I Shot The Sheriff". Os próximos dois discos receberam o nome de “Rasta Revolution” e “Natty Dread” ambos de 1974. Este último continha "No Woman, No Cry", a canção que projetou o músico rastafári aos quatros cantos do mundo.Em 1975, o álbum “Rastaman Vibrations” alcançou o top das paradas nos Estados Unidos. O sucesso começou a incomodar e ele sofreu uma tentativa de assassinato no ano seguinte. O susto serviu para que ele atravessasse o oceano para ir morar em Londres, aonde viria a gravar o incrível “Exodus”.Bob Marley ainda chegou a visitar a África e lançou mais três álbuns: “Kaya”, “Survival” e “Uprising”, antes da sua morte precoce em 1981, com 36 anos. Com música e um discurso de paz, Bob encantava e encanta pessoas no mundo todo.